quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Férias de Filho de Pastor

Férias de Filho de Pastor

Estou me preparando para as férias e as recordações são inevitáveis. Nosso período de viagem era julho, e o destino sempre o mesmo: casa de vó e tios(as) paternos. Ah, como era legal! Minha alegria era tão grande, a emoção de ver minha mãe arrumando as malas, meu Deus, parecia que eu ia explodir de felicidade; as histórias de todos os anos, fluíam sem parar em minha cabecinha fértil: "mãe, lembra que vô disse isso, aquilo?" "mãe, e quando vó, fez aquele bolo...""eita mãe, e lá na exposição hein?" Pobre mãe, ouvia e reouvia minhas histórias, suportava minha euforia, era muito bom imaginar as férias; elas representavam coisas não muito comuns pra nós naquele contexto: televisão na casa do vizinho (ah, as boas tardes na casa do Sr. Galego, assistindo Sítio do Pica-pau-amarelo na televisão com  tela colorida, kkk), pique-pega na rua, passeios com tia Rita, escolher um brinquedo pra brincar na exposição do Crato (o dinheiro de tia não dava pra pagar mais de um, éramos cinco crianças deslumbradas com tudo), as travessuras na Casa de Titia Nati, lá na Várzea,Pe... Meu Deus, era um mês mágico!
Certa vez, enquanto mãe fazia as malas, vi que guardava um terno de pai, Bíblias, Revista de Escola Bíblica e questionei: "mãe, pai não vai ficar de férias conosco não?" Ela respondeu que sim e eu retruquei: "ué, e pra que essas coisas de igreja?" e completei: "quando é que pai vai tirar férias de ser crente mãe, ele nunca cansa disso?"
Hoje eu sei que não era com a crença meu problema, mas com as obrigatoriedades em torno dela que eu tinha minhas crises; elas me roubavam meu pai num período tão especial. Ele tinha que ser nosso naquele momento.
Imagino que este sentimento povoe o coração de outros filhos de pastor: o desejo de ter seu pai, exclusivo, corpo e coração ali na areia da praia, na roça, na rua, no cinema, na sorveteria... Pastor que é pai, tem direito e dever com estas coisas simples da vida familiar; filho de pastor, também tem desejo e direito de pai presente em momentos que possam ser chamados de: "familiar".
Pai pastor, tire férias, curta a parte mais especial e delicada do seu rebanho: sua casa; sua presença será alimento para alma deles, lembranças que fortalecerão o vínculo de amor dessa família tão especial!
Um beijo carinho e verdadeiro e boas férias!

domingo, 16 de setembro de 2012

Meus condicionamentos engraçados

Meus Condicionamentos Engraçados!

Hoje quando penso e conto aos outros minhas histórias dentro do mundo em que cresci, dá para colecionar piadas... Pai, sempre pastoreou no interior fundando igrejas e isto nos colocava dentro de um "mundo" bem restrito quanto a vários aspectos da vida social e mesmo eclesiástica; até certa idade, eu não tinha muito convívio com pessoas de outras igrejas evangélicas, porque, geralmente, pai estava naquela cidade como pioneiro na implantação de igreja evangélica. E, você pode pensar, onde está o lado engraçado dessa história?! vou te contar:
Certa vez ia passando em frente a uma usina e  fiquei empolgada por ter conseguido ler uma frase: "Não fume" Tinha uns 5 anos. Mãe, me desafiou e perguntou se eu sabia porque estava escrito ali: "não fume". A resposta não demorou: "claro que sei, o dono daí é crente!" Mãe me olhou intrigada e disse: "como você sabe que o dono daí é crente?" E eu, prontamente completei: "ué, quem é que não fuma? crente, claro, então..." mãe riu muito e me explicou o que significava de fato. Mais uma?
Estávamos de férias e visitando uns amigos de outra igreja; eu deveria estar com uns 7 anos. Na hora da despedida, minha mãe foi orar e logo percebi que o dono da casa emitia aqui e ali, durante a oração, um solene "amém", "amém". Tão logo terminaram de orar, eu retruquei com o irmão: "que coisa feia hein, o povo orando e você só mandando terminar a oração..." todos me olharam e mãe, coitada, com ar de quem queria morrer de tanta vergonha, me perguntou: "como assim minha filha? quem disse que ele queria encerrar a oração?" Lá vem eu e minhas pérolas: "a senhora não ouviu? ele estava o tempo todo dizendo "amém". Minha paciente mãe: "e o que o amém tem haver com terminar minha filha?" Finalizei com chave de ouro: "todo mundo que termina de cantar, pregar, orar, lá na igreja diz amém ué" Mas uma vez, ela tinha que rir, relaxar e me explicar o sentido correto de algo.
Só mais uma para terminar (o repertório é vasto). Pai estava pastoreando, como sempre, uma cidadezinha onde só havia nossa igreja; aí eu já tinha uns 10 anos. Estava vindo da escola e vi um moço de terno, com uma pasta na mão e um livro grosso preto. Apressei o passo, cheguei em casa e contei a novidade para minha sempre, paciente mãe: " mãe, agora tem dois pastores aqui na cidade! chegou outro, só não sei se é para igreja de pai ou outra" Mãe, sem entender: "como você sabe disso?" resposta pronta: "eu vi lá na rua". Bem, mãe não tinha muito como esticar a conversa, nem estava muito interessada. Um belo dia, estávamos eu e ela na rua, quando passa o dito homem, de terno, pasta na mão e livro grosso preto. Sem perder tempo e, matando mãe de vergonha, gritei: "mãe, ali, ali..." "ali o que minha filha, não grita, por favor!" "ali, o pastor novo que eu falei!" Fico rindo quando lembro dessas coisas; mãe é uma santa mesmo, rsrsrs. Ela olhou o moço de terno, abaixou-se na minha frente e perguntou: "quem te disse que ele é pastor kesinha?" "a senhora não está vendo? ele tá com farda de pastor" (farda era uniforme de maneira geral lá na nossa terra). Os únicos homens que eu via de terno, eram pastores, meu pai e os colegas dele; tudo que ele ia fazer na igreja e da igreja, era de terno, eu pensava que era uniforme obrigatório e exclusivo para pastores. Meu condicionamento, mais uma vez, foi pacientemente corrigido pela minha maezinha.
Cabeça de criança é muito engraçada; generaliza, formula conceitos com base no que vive, vê, ouve. Já missionária, eu e outras colegas missionárias nordestinas, ficávamos, com frequência, hospedadas na casa de uma amiga em Volta Redonda/RJ. Um dia, veio uma missionária carioca e a filhinha dela, 5 anos na época, perguntou pra esta carioca: "você é missionária mesmo?" "sim, sou" "mas, mesmo mesmo, como a tia Késia?" "sim, por quê?" perguntou a colega. Ela respondeu: "mas você não tem fala de missionária. Todos riram, o sotaque nordestino presente em todas as missionárias que ela conhecia, na cabeça dela, era o jeito de falar de todo e qualquer missionário.
Fala, roupa, gestos, conceitos, tudo vira padrão para qualquer criança. Para os filhos dos pastores então, que vivem 24h no contexto de igreja, mais ainda; mas isto não precisa ser traumático, pode ser engraçado se trabalhado corretamente, se visto como coisa natural de criança e sobretudo, se há coerência no contexto: vida, palavras e atitudes se fundindo saudavelmente.
Olhe para sua história e seja também capaz de sorrir; encare as coisas como parte do seu processo de crescimento. Seja feliz com a vida e as oportunidades que o Pai celeste te deu!
Um grande abraço!

sábado, 28 de julho de 2012

Mais que um título: uma Identidade

"Filho de Pastor", é assim que somos conhecidos, chamados, denunciados, requisitados... na correria e nas várias situações do contexto eclesiástico que envolve a vida do(a) filho(a) de pastor, está sem dúvida um dos desafios mais importantes: encontrar-se, descobrir-se alguém além de um título.
Não há erro em imitar nossos pais, devemos, inclusive seguir os bons exemplos. No entanto, é necessário saber o limite entre o imitar por consciência, experiencia, e apenas repetir por conveniência, adequação. Para nós filhos de pastores, é muito fácil, cantar, orar, dirigir, afinal, é isso que se espera de nós: envolvimento total. Mas precisamos ir além de um mecanismo no exercício das funções e cargos dentro da igreja, é necessário, em oração e temor diante de Deus, buscar descobrir quem somos em essência; quais são nossas verdadeiras aptidões, sonhos, desejos e, canalizarmos isto para Glória do nosso Criador.
Eu e você filho de pastor, devemos aprender a SER antes de FAZER, CONHECER, antes de repetir, EXPERIMENTAR, antes de executar. Eis nosso verdadeiro desafio: Ser, Conhecer, Experimentar. Vejamos:
- SER - trata-se de essência que se traduz em características pessoais; conhecimento de si mesmo, seus valores e particularidades. Esta descoberta de si mesmo, transcende o Fazer de atividades e mais atividades da igreja, o cumprir de uma agenda de compromissos "cristãos"; é importante primeiro SER cristão antes de somente FAZER coisas de cristão.
- CONHECER - Fazer coisas em nome de Deus e supostamente para Deus, não supera a necessidade de conhece-LO pessoalmente; saber quem é este Deus a quem nossos pais servem e dedicam suas vidas. Somos chamados a "Conhecer e prosseguir conhecendo", não apenas a repetir jargões cristãos: "Deus isso, Deus aquilo...", preciso saber responder sobre quem é Deus.
- EXPERIMENTAR - a Fé é pessoal e intransferível.  É uma obra maravilhosa de Jesus em nós. O autor da carta aos hebreus diz "que Jesus é o Autor e o Consumador da Fé"; logo, somente através de uma experiencia pessoal com o Salvador, poderemos viver uma vida de fé real, transbordante e de muita satisfação na alma.
Não basta um título que denuncie nossa formação cristã, precisamos de uma Identidade que nos identifique com o Pai, nosso Criador. Graças a Deus, posso dizer que me tornei mais Késia, mais eu depois conheci a Deus, através de uma experiencia pessoal com o meu Senhor e Salvador Jesus. E você já tem sua experiencia pessoal que o leve além de um título, que te dê uma identidade pessoal? 
Que o Pai Celeste conduza-o na caminhada!
Késia

sábado, 14 de abril de 2012

Filho, uma Herança para os Pais, um Privilégio de Existir!

Quando comecei a pensar e pesquisar sobre Filho de Pastor, minha cabeça funcionava como filha. Uma filha que viveu histórias marcantes ao lado de um pai-pastor dedicado, servo fiel, homem daqueles que, posso dizer como canta o Grupo Logos: está deixando marcas. Mas houve um tempo, em que apesar de enxergar o homem de Deus que meu pai sempre foi, não conseguia me sentir parte importante da vida dele; eram tantas circunstancias entre nós, os filhos, e vida eclesiástica que nos cercava que a visão ficava meio que embasada, as coisas boas da nossa história iam perdendo o foco face aos transtornos do caminho. Mas o Salmo 139 é tão verdade como é verdade o Deus que inspirou o salmista a escreve-lo: meus dias, as circunstancias que cercavam minha vida, minhas experiencias de vida, o lar onde fui plantada pelo Criador... tudo, tudo, estava sob as Suas vistas antes mesmos que qualquer dos meus dias fosse concreto. Foi quando cri e experimentei este Deus pessoal, soberano e gracioso que passei a viver com prazer; prazer no relacionamento com meu pai, meus irmãos e meus muitos outros irmãos que faziam parte de minha vida; foi muito bom entender que estes muitos irmãos não faziam parte de minha vida apenas pelo fato de meu pai ser o pastor deles, mas porque eu também era membro com eles de uma família especial: a família do Supremo Pastor de todas as almas! Ah, que gozo, entender e sentir tal verdade curando, consolando e fortalecendo sua alma!
Como disse, antes pensava apenas com a cabeça de filha, hoje, porém, vivendo a experiencia da maternidade, entendo quando a Escritura diz que filhos são herança do Senhor; depois da minha salvação, meu Thiago é a mais impressionante expressão da grandeza e da bondade de Deus para comigo. Que presente o Pai me deu! Tenho certeza que era sentimento que movia e move o coração do meu pai em suas muitas exigências, ensinos e correções; ele não podia permitir que a herança recebida se perdesse por nada.
Hoje, louvo a Deus pelo privilégio de existir e por ter me dado como herança a um homem tão especial: um representante do Senhor do Universo nesta terra; um cooperador do Pastor e Bispo das nossas almas.
Oro para que todos os filhos de pastores, experimentem estas verdades em suas vidas e sejam transformados, fortalecidos e abençoados na certeza que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e que são chamados pelo Seu Decreto."
Com verdade,
Késia

Meu pai é pastor!!!

Hoje, dia dos pais, quero registrar minha admiração, carinho e gratidão pelo pai que tenho: um pai pastor! É verdade: - muitas e muitas  hor...