domingo, 16 de setembro de 2012

Meus condicionamentos engraçados

Meus Condicionamentos Engraçados!

Hoje quando penso e conto aos outros minhas histórias dentro do mundo em que cresci, dá para colecionar piadas... Pai, sempre pastoreou no interior fundando igrejas e isto nos colocava dentro de um "mundo" bem restrito quanto a vários aspectos da vida social e mesmo eclesiástica; até certa idade, eu não tinha muito convívio com pessoas de outras igrejas evangélicas, porque, geralmente, pai estava naquela cidade como pioneiro na implantação de igreja evangélica. E, você pode pensar, onde está o lado engraçado dessa história?! vou te contar:
Certa vez ia passando em frente a uma usina e  fiquei empolgada por ter conseguido ler uma frase: "Não fume" Tinha uns 5 anos. Mãe, me desafiou e perguntou se eu sabia porque estava escrito ali: "não fume". A resposta não demorou: "claro que sei, o dono daí é crente!" Mãe me olhou intrigada e disse: "como você sabe que o dono daí é crente?" E eu, prontamente completei: "ué, quem é que não fuma? crente, claro, então..." mãe riu muito e me explicou o que significava de fato. Mais uma?
Estávamos de férias e visitando uns amigos de outra igreja; eu deveria estar com uns 7 anos. Na hora da despedida, minha mãe foi orar e logo percebi que o dono da casa emitia aqui e ali, durante a oração, um solene "amém", "amém". Tão logo terminaram de orar, eu retruquei com o irmão: "que coisa feia hein, o povo orando e você só mandando terminar a oração..." todos me olharam e mãe, coitada, com ar de quem queria morrer de tanta vergonha, me perguntou: "como assim minha filha? quem disse que ele queria encerrar a oração?" Lá vem eu e minhas pérolas: "a senhora não ouviu? ele estava o tempo todo dizendo "amém". Minha paciente mãe: "e o que o amém tem haver com terminar minha filha?" Finalizei com chave de ouro: "todo mundo que termina de cantar, pregar, orar, lá na igreja diz amém ué" Mas uma vez, ela tinha que rir, relaxar e me explicar o sentido correto de algo.
Só mais uma para terminar (o repertório é vasto). Pai estava pastoreando, como sempre, uma cidadezinha onde só havia nossa igreja; aí eu já tinha uns 10 anos. Estava vindo da escola e vi um moço de terno, com uma pasta na mão e um livro grosso preto. Apressei o passo, cheguei em casa e contei a novidade para minha sempre, paciente mãe: " mãe, agora tem dois pastores aqui na cidade! chegou outro, só não sei se é para igreja de pai ou outra" Mãe, sem entender: "como você sabe disso?" resposta pronta: "eu vi lá na rua". Bem, mãe não tinha muito como esticar a conversa, nem estava muito interessada. Um belo dia, estávamos eu e ela na rua, quando passa o dito homem, de terno, pasta na mão e livro grosso preto. Sem perder tempo e, matando mãe de vergonha, gritei: "mãe, ali, ali..." "ali o que minha filha, não grita, por favor!" "ali, o pastor novo que eu falei!" Fico rindo quando lembro dessas coisas; mãe é uma santa mesmo, rsrsrs. Ela olhou o moço de terno, abaixou-se na minha frente e perguntou: "quem te disse que ele é pastor kesinha?" "a senhora não está vendo? ele tá com farda de pastor" (farda era uniforme de maneira geral lá na nossa terra). Os únicos homens que eu via de terno, eram pastores, meu pai e os colegas dele; tudo que ele ia fazer na igreja e da igreja, era de terno, eu pensava que era uniforme obrigatório e exclusivo para pastores. Meu condicionamento, mais uma vez, foi pacientemente corrigido pela minha maezinha.
Cabeça de criança é muito engraçada; generaliza, formula conceitos com base no que vive, vê, ouve. Já missionária, eu e outras colegas missionárias nordestinas, ficávamos, com frequência, hospedadas na casa de uma amiga em Volta Redonda/RJ. Um dia, veio uma missionária carioca e a filhinha dela, 5 anos na época, perguntou pra esta carioca: "você é missionária mesmo?" "sim, sou" "mas, mesmo mesmo, como a tia Késia?" "sim, por quê?" perguntou a colega. Ela respondeu: "mas você não tem fala de missionária. Todos riram, o sotaque nordestino presente em todas as missionárias que ela conhecia, na cabeça dela, era o jeito de falar de todo e qualquer missionário.
Fala, roupa, gestos, conceitos, tudo vira padrão para qualquer criança. Para os filhos dos pastores então, que vivem 24h no contexto de igreja, mais ainda; mas isto não precisa ser traumático, pode ser engraçado se trabalhado corretamente, se visto como coisa natural de criança e sobretudo, se há coerência no contexto: vida, palavras e atitudes se fundindo saudavelmente.
Olhe para sua história e seja também capaz de sorrir; encare as coisas como parte do seu processo de crescimento. Seja feliz com a vida e as oportunidades que o Pai celeste te deu!
Um grande abraço!

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